Dos Hamptons para o mundo, eis os novos Graysons, restaurados e por cima da carne seca. E eles não pretendem sair de lá tão cedo.
Spoilers Abaixo:
Uma temporada inteira de Revenge passou, e a segunda já está a caminho. Imaginamos que, a esta altura, depois de passar por tudo o que Emily passou em sua cruzada por vingança, ela já seria uma personagem bem diferente, certo? Errado! Emily continua igualzinha ao começo da série, colocando sua vingança em primeiro lugar e entrando em conflitos às vezes em razão essa escolha.
Mas quem, apesar de não saber de absolutamente nada, passou por consideráveis metamorfoses em relação há um ano, foram nossos queridos antagonistas – se é que eles ainda podem ser chamados disso –, os Graysons.
Victoria já fez maldades, se arrependeu, transformou-se em vítima do próprio marido e filho, morreu e ressuscitou. Agora, ela mostra que está de volta ao jogo, e continua sempre um passo à frente dos demais peões desse tabuleiro, com direito até à expulsão mais classuda que já vi em uma série. Achei uma pena que Victoria não puxou Ems pelos cabelos e a escorraçou da casa, mas é por isso que essa mulher é rainha e amada. Além disso, Victoria parece mesmo ser a rainha do improviso: usar o escândalo de David Clarke a seu favor, e ainda ameaçar Amanda como bônus, tudo em plena coletiva de imprensa, foi ou não foi uma jogada de mestre?
A leitora May afirmou, nos comentários da última review, que é fácil desmascarar Victoria: basta Emily mostrar a todos o vídeo em que Conrad lhe dá uma surra. Particularmente, não acho que seja tão fácil assim. Com Cabelo Branco morto, Emily passa a ser a única “não Grayson” que sabia de tudo, e isso a torna uma suspeita óbvia, mesmo que os Graysons ainda não saibam do destino do capanga. Por muito menos, na temporada passada, Tyler conseguiu desmascará-la e descobrir tudo sobre ela, então não creio que ela possa se dar a esse luxo, mas vamos ver. Revenge não tem se mostrado uma série que valoriza muito a lógica.
Ainda sobre Victoria, preciso dizer que eu não estava preparado para uma cena que foi exibida no episódio. Já tinha perdido a fé. Mas eis que, finalmente, voltamos a Victoria dentro do avião, e, confesso, foi um momento da mais pura emoção no meu coraçãozinho! Aí a cena foi rolando, e eu percebi o motivo de sua existência. Descobrimos por que ela abandonou a aeronave ao invés de prosseguir com seu plano: foi ameaçada.
“Uhu, podemos comemorar!”, é o que se pensa num primeiro momento. Mas a verdade é a seguinte: eu nunca quis saber POR QUE essa mulher saiu do avião! Eu quero saber é COMO!!! Portanto, vou continuar insistindo: Mike Kelley, explique-se! Se você acha que vamos cair nessa, está muito enganado, meu caro. Por sorte, Kelley parece saber que estamos desesperados atrás disso, e nos deu a caixa preta do avião! Só Deus sabe como o pupilo de Takeda achou esse negócio, mas tudo bem, o meu desespero pra saber o que aconteceu é muito maior do que a preocupação com o sentido disso! Cadê o próximo episódio, que não chega, pra gente ouvir logo o que tem lá??? Conforme lembrou a leitora Yara, não foi Aiden quem recuperou a caixa preta do avião, e sim Cabelo Branco. Aiden apenas a pegou no quarto do finado.
Aliás, vale também eu trazer o questionamento da leitora La, na última semana, que conclui que eu não considero Victoria realmente má. Na verdade, eu não considero nenhum personagem de Revenge realmente mau. Todos são bem construídos e têm várias camadas. Victoria é mãe, e ama seus filhos de uma maneira legítima, a série já demonstrou isso muito bem. Emily é uma suposta protagonista e heroína, mas arruína vidas a seu bel prazer. Prova disso é a chantagem que ela decidiu impor a Amanda, manipulando-a como bem quis. De quebra, ela conseguiu acabar com a relação entre a rival e Jack, liberando o caminho para investir quando quiser (se quiser, claro). Apesar de mais discretamente, ela também fez coisas parecidas com as vidas de Daniel e Charlotte, que nada tiveram a ver com o que foi feito a seu pai.
O problema é que essa preocupação com os múltiplos nuances de cada ser humano que Mike Kelley criou parece ter se perdido um pouco nesta temporada, e isso é uma das coisas que me fez perder um pouco do meu tradicional entusiasmo com a série. Conrad, por exemplo, amava a filha, e isso havia sido claramente estabelecido na temporada passada. Portanto, essa reviravolta que o fez mantê-la presa em nome da herança me pareceu contraditoriamente cruel. Agora, Conrad não é muito mais do que um grande vilão – coisa que ele já era, mas era mais que isso – que está contra tudo e contra todos, e salve-se quem puder.
Charlotte, por sua vez, deixou de ser uma tontinha apaixonada para tornar-se peça importante na relação entre Emily e a família Grayson. Apesar do banimento de Victoria, Charlotte sem dúvida continuará sendo sua ligação com a casa, e, agora que ela percebeu que não salva um naquela família (a não ser que ela faça a Poliana e acredite piamente em Conrad quando ele diz que Victoria está louca ao falar sobre o avião), eu gostaria realmente de vê-la descobrindo tudo e escolhendo um lado – que com certeza será o de Ems, ou a série acaba. Mas acho que isso é coisa de season finale, e está cedo para especularmos.
Agora, vamos falar de coisa boa? Vamos falar de Daniel descobrindo que é tão banana que passou meses sendo enganado pela FAMÍLIA INTEIRA? Coisa linda de se ver, minha gente! E as caras de bananão dele? ÓTIMAS! Valeu muito esperar tantos episódios pra ver o imbecil se tocando de que está cercado de víboras.
O que ele não sabe é que Emily também é uma delas, mas neste episódio agiu em favor do ex-noivo (mentira, agiu em favor de si própria, mas vamos nos enganar fingindo que ela se preocupa com os outros), dando-lhe uma dica de como lidar com a mãe. Será que Daniel finalmente fica esperto agora? Afinal, sofrer de distúrbio de dupla personalidade a gente já sabe que ele sofre, já que alterna entre bonzinho e malvado de acordo com a conveniência do roteiro (isso é muito diferente de ter várias camadas, que fique claro).
Mas o mais importante da história foi a chegada do pupilo de Takeda, que agora tem um nome, Aiden, e um passado, digamos, quente com nossa protagonista. Aparentemente, Takeda comanda, no Japão, a ATAQUER – “Academia Takeda para quem Quer Revenge”. Foi lá que os dois se conheceram e se amaram como coelhinhos antes de Aiden abandonar Emily para seguir em sua própria jornada – aparentemente fracassada – em busca da irmã perdida.
Voltando ao presente, “The head” foi a melhor fala de Emily em todo o episódio! PÁ na cabeça dele! Adorei! E adoro como as séries manipulam o tempo a seu bel prazer. Se Mike Kelley quisesse, esse cara não teria desmaiado por 10 minutos, mas eis que ele passa a noite toda desacordado e só recupera os sentidos em plena luz do dia. Deu tempo até de a Emily ir comprar passagem pro Japão – no guichê, porque, se tivesse sido pela internet, a passagem não ia ser bonitinha daquele jeito.
Mas ele conseguiu tirar do corpo de Cabelo Branco a chave de um hotel, e lá encontra, sem saber, nossa querida mãezinha. Ou melhor, a de Emily, que finge que é inocente e só Aiden acredita. Depois, Emily deu o troco escondendo o chip do celular de Cabelo Branco. Morri de rir com a postura absurdamente ingênua de Aiden: “me dê agora tudo o que estava no corpo do Cabelo Branco enquanto eu viro pro outro lado pra te dar tempo de trocar os chips!”. Ah, Revenge, é por isso que eu te amo!
Por isso, e também pelo desespero de Emily quando descobriu que foi cúmplice da morte do amor da vida da própria mãe. Boa sorte reconquistando o amor de mamãe, lindona! Ou seja, acabamos entendendo subliminarmente por que Cabelo Branco não revelou a todos a identidade de Emily: no fundo, ele não desejava destruir a vida da filha da amada – porque matar tudo bem, mas destruir a vida da pessoa é uma puta falta de sacanagem, né, galera?
Observações:
- Troféu “Opa, cochilei, o que houve?”: para toda a trama de Declan e seu amiguinho roubando casas. O personagem era o adolescente mais íntegro do planeta Terra e, de um episódio para o outro, virou ladrão. Bacana.
- Momento Nolan: perceberam que nem falei dele, né? Não ousem me culpar! A culpa é dessa bisca da Padma, que apareceu e está separando nosso nerd favorito dos planos de vingança de Ems! Maldita! Não pude não sentir certa satisfação ao vê-la toda ressentida por causa do (ótimo, claro) diálogo “quente” de Nolan com Ems. Mas vamos ser honestos: que forçada de barra aquela de o Nolan não conseguir dizer nem “Esta é Emily, uma amiga” quando a apresentou!
- Crise administrada, espero que o próximo passo de Victoria seja tirar logo Daniel das garras de Ashley, não? Como a rainha não se incomodou com isso até agora???
- Frase do episódio: “Summer’s end is a long way off, my dear”, mais uma vez, por Conrad Grayson, o novo rei das boas frases de efeito em Revenge. Isso também nos lembra que temos um longo caminho pela frente, então o negócio é não perder a fé em Revenge e torcer para que ele seja bem traçado.
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