The Walking Dead – 3×01: Seed [Season Premiere]


The Walking Dead está de volta, The Walking Dead está como sempre.
Spoilers abaixo!
“Seed” retorna ao grupo um tempinho depois daquela coisa toda distante da fazenda, e não perde tempo em mostrar as mudanças desse mesmo tempo nos personagens. Tem um cansaço aqui, que é meio que novo para a série. E há certa intimidade, também: os personagens se entendem mais e os planos – antes babacas e mal planejados – agora são executados com destreza quase industrial.
Mais interessante que isso é como a série está se sentindo confortável em sair dos moldes que criou. Rick, antes o sr. da moral e dos bons costumes, vai mais e mais na linha anti-herói que define os outros protagonistas do AMC (não que ele seja comparável a Don Draper e Walter White, claro; ninguém é). Carl domou sua arma e seu temperamento e a sua burrice. Carol virou uma boa atiradora, com menos medo de tudo. Daryl parece menos cansado, mas isso talvez seja só momentâneo. Lori… Grávida – me desculpe, mundo, mas eu não dou a mínima pra personagem. Até T-Dog ganhou uma fala inteligente! O grupo cresceu como grupo, enfim, e cada um cresceu individualmente.
Claro, é de The Walking Dead que estamos falando. Esse “desenvolvimento” é meio que pulado, cortado. Às vezes é injusto demais para caber em um episódio. Muitas vezes, ele não é merecido. Mas agita as coisas e agitar as coisas acaba sendo (muitas vezes) tudo que uma série dessas precisa para fazer um bom episódio. Passagem de tempo fez bem para esse universo, e ensinou algumas lições aos roteiristas.
Entre elas: cale a boca, por favor, e deixe a ação rolar. Geralmente é uma crítica oca e simplista quando feita sobre outras séries, mas sério… Alguém vibrou com as conversas entre Lori e Rick? Alguém sentiu o drama no discurso dela para Hershel? Elas não importam, no fim. Comentá-las é um miniexercício em futilidade, baita tédio. As cenas dramáticas de The Walking Dead conseguem o feito de serem 80% das vezes absolutamente inertes. Essa é uma boa porcentagem para um calmante.
Não. Diálogo não é o forte de The Walking Dead, tá na hora da série aceitar isso e manter tudo básico. O episódio, por exemplo, tem quatro sequências longas de ação que tomam muito mais que metade da hora. E cada uma é melhor que a outra. Tudo em silêncio.
O teaser nos coloca de volta ao mundo da série bem de jeito. Aperta de novo no tema sobrevivência, que muitas vezes é esquecido pelo tema “Ei, a gente não pode matar todos os personagens, pode?”. As invasões nos pátios da prisão vão e vão e vão, a câmera nos mantendo tão desorientados quanto os personagens. A trilha sonora também ajuda, já que na temporada passada ela estava meio banana e agora voltou a descer o pé quando deve. Soltar na hora certa e tudo. Suspense sem trilha boa não rola, né.
E a última, até o centro médico lá, é uma longa descida até um inferno, e ela para bem onde deve parar. The Walking Dead foi muito caridosa com os cliffhangers ano passado. O dessa premiere funciona muito bem, principalmente por não apelar: você tem mais uma situação estranha do que um mistério, sem falar que a grande ponta solta que a sequência final deixa é meio que… Não sei, chatinha? Depois de matar Dale e Shane em pouco tempo, seria estranho se livrar de Hershel logo na premiere. Meio que um desserviço ao personagem. Ele faz certas dinâmicas bobas do grupo funcionarem – nem que seja apenas pela sua aparência, toda sábia e velha. (O fato de que o Scott Wilson é um dos únicos atores bons ali também não machuca). Espero que ele só perca a perna, mesmo. Ou algo assim.
Mas a trama mais interessante da temporada parece que chega de fora da prisão mesmo. Nunca imaginaria que Andrea acabaria virando uma das personagens mais interessantes, e aqui estamos… Ela se junta a um tipo de personagem que, basicamente, sempre funciona. O controle dela é tão extremo que acaba sendo o mesmo que descontrole. Quer dizer, por favor, só aquela roupa e aquela arma é coisa de gente foda e de personagem que promete render e causar problema. É uma dupla interessante, enfim. Que beira esclarecimentos, que beira ficar completamente deslocada do resto, mas que por enquanto funciona e muito e traz uma energia bacana que amarra bem o episódio.
Ao que tudo indica, essa vai ser a Temporada da Prisão, assim como a segunda foi a Temporada da Fazenda. Ano passado a fazenda criou uma atmosfera bacana e ajudou na tensão entre os personagens, mas meio que matou o ritmo de tudo. Vamos ver o que eles fazem este ano. Vamos ver se essa série complicada e contraditória ainda tem energia para surpreender.
Sempre esperei que ela pudesse, afinal, o potencial nesse tipo de história é incrível. Ainda espero.
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